12.03.2009

Ela checou suas partes como numa lista: “braços, pernas, dedos, mãos, tronco, cabeça, pés, cabelo, boca, nariz, ouvidos, olhos” contou.
Sim , não havia duvidas, essa era a mesma Mary Anne de antes, mas o que realmente havia mudado ?
Então ela se surpreendeu. Através do espelho ela percebeu que o que havia mudado era por dentro, e não haveriam respostas, assustada a pequena correu de volta para o quarto, trancou-se e com olhos arregalados chorou.
- Agora, eu vou conviver com isso – disse – e ninguém vai precisar saber sobre isso, ainda.
Então ela se deitou na cama, tentando não prestar atenção no que sentia, se viu a imaginar Cinderella no jardim do palácio, colhendo flores para o jantar de casamento com o príncipe encantado.
E foi com esse pensamento que Mary Anne voltou a adormecer, sem pensar na manhã seguinte.


19 de Agosto de 1921, Oxfordshire, Inglaterra

- Bom dia, flor mais linda do campo! Feliz Aniversário filha – disse Jhonn entregando a menina um buquê pequeno de lírios do campo.
- Bom dia papai, muito obrigada. – disse Mary Anne com um sorriso grande e olhos remelados na manhã especial.
Um mês e pouco havia se passado desde o acontecido, Mary Anne guardara o segredo pra si em silêncio em um ato de medo, a sensação de ser e não ser a mesma pessoa ao mesmo tempo não passara, entretanto ela aprendera a se acostumar com aquilo, não era de fato uma anomalia humana, era tudo uma pequena confusão, mais hoje ela não se importaria com isso, hoje era seu dia de rainha.
- Agora eu tenho oito papai! – disse rindo – Já posso sair para a rua uma hora mais tarde.
- Sim, meu pequeno bebê está crescendo não? – ele respondeu a filha – Agora levante se, tua mãe lhe preparou um café esplêndido, vamos filha levante se.
Então ele deixou o quarto, maravilhada com o aroma das flores, ela se levantou para o café, quando chegou a mesa haviam inúmeras caixas de presentes, embrulhadas em fitas coloridas com vários e vários laços de decoração, ela sorriu.
- Parece que muita gente se lembrou do seu aniversario Mary, mais antes de abrir os presentes vamos comer filha – disse Emilly com um orgulho nos olhos verde esmeralda, idênticos ao da filha – Parabéns amada, vamos comer? Fiz para você torta de cereja com chantilly, sua preferida!
- Mamãe obrigada, parece estar delicioso! – respondeu.
Todos os três se sentaram a mesa para comer o café da manhã especial, quando terminaram Emilly pegou uma pequena caixa de papel branco, com laços de cetim cor de rosa em volta, junto a uma carta e entregou a sua filha dizendo :
- Filha esse é o presente que a sua avó mandou entregar, e também mandou essa carta, tome, abra-o. – Então a menina pegou a carta e a pequena caixa, abriu primeiro a carta e leu para si mesma :



Querida Mary,

Olá pequena, me desculpe por não poder estar com você nesse dia, e peço a Deus que você me perdoe por isso, também peço a ele que você tenha tudo de bom nesse dia maravilhoso e que sua festa seja ótima!
Suspeito que você esteja curiosa com seu presente, esse presente que enviei é muito especial, é uma herança da família e guarda grandes valores e segredos, mais isso você descobrirá sozinha neta, espero que goste do presente por que a partir de hoje ele é sua responsabilidade.
Lembre se sempre do valor desse colar, nunca o tire do pescoço eu lhe peço pequena...

Um beijo de quem te ama muito
Vovó





SPOILER


Curiosa com aquilo Mary abriu a caixa e de lá tirou um cordão prateado, era de corrente fina, e havia um pingente em formato de gota, atrás do pingente havia talhado um símbolo com três estrelas, ela sorriu para o cordão e ele pareceu sorrir para ela.


12.02.2009

- Mãe... Mamãe.. – ela chamou durante a noite, agora dor de cabeça só aumentara, os pais estavam no outro quarto e sem forças pra gritar ela sentia que iria acontecer algo muito ruim, seu corpo não obedecia os seus comandos e sua cabeça parecia estar queimando, ela não conseguia dormir.
- Mary, você está bem? – Emilly preocupou se, a filha dissera no carro que estava com dor de cabeça, agora não se movia e seu corpo estava em febre alta..
- Acho que vou chamar um médico – Jhonn pegou as chaves e foi ate o posto mais próximo, voltou com Camille e Leopold, os médicos da família.
Leopold mediu a temperatura da menina, e como uma cara de quem não estava satisfeito pediu a Camille para que trouxesse algumas toalhas mornas banhadas em óleos naturais e alguns comprimidos, e os quatro foram para a sala principal para conversarem a sós a situação.
O médico disse que aquilo era raro de acontecer, pois não havia nenhum sinal de doença na menina, “É perfeitamente saudável disse” e também disse que seria bom Mary Anne ficar em observação pelos próximos três dias.
Logo depois da saída dos médicos, Emy entrou ao quarto de sua filha, que tinha aparência normal e dormia tranquilamente, tentou por um momento entender o que tinha acontecido com Mary em meio dessas ultimas 5 horas, mais a resposta pra essa pergunta nunca foi devidamente esclarecida.
O dia amanheceu, mais ensolarado do que de costume, as nove da manhã todos já estavam acordados na casa, exceto por Mary Anne que continuava deitada em sua cama, e por mais estranho que pareça a menina ficou deitada até as vinte horas.
Há essa altura Leopold já havia retornado a casa para conferir a saúde da criança, disse aos pais da menina que estava tudo bem, ela só dormira tanto por que estava tomada pelos remédios, e que mais tarde acordaria.
Os pais concordaram em esperar e o medico insistiu que se houvesse qual quer coisa fora do comum com a criança uma simples ligação bastaria.



SPOILER


• Capítulo Dois •


Quando acordou Mary Anne se sentiu estranha.
O corpo dela não era o mesmo sentia, a mente dela não era a mesma, e sem duvida nenhuma a sensação também não era a mesma.
Como quem não se reconhece a pequena estendeu as suas próprias mãos e as encarou, e ainda não se convencendo do resultado obtido a menina se desenrolou das cobertas e olhou seu corpo, com a pressa do coelho branco de Alice , ela se levantou correu através do corredor ate chegar no espelho do banheiro.
Ela encarou.

11.27.2009

• Capítulo Um •

05 de Julho de 1927

- Vamos menina, ande mais rápido ou vamos todos chegar atrasados para o jantar – Ela disse, sete anos se passaram desde o nascimento de Mary Anne, mais Emilly parecia não envelhecer, continuava a mesma mulher morena e esbelta por quem Jhonn se apaixonara.
- Já vou mãe – a menina respondeu, então saiu de seu quarto em um vestido azul bebê, parecia uma princesa, uma mini versão da mãe .Todas as pessoas sempre comentavam pelo vilarejo, como as duas se pareciam, Mary Anne não tinha quase nada do pai, a não ser o jeito tímido e o nariz, aqueles olhos certamente hipnotizavam a todos os que os encarassem, as vezes as pessoas se assustavam com os olhares de Mary, muitas vezes ela encarava como se uma grande tempestade de neve fosse congelar a todos, outras como se incendiasse o corpo humano, mais na maioria das vezes, era um simples olhar meigo e doce, inocente e inofensivo, mais ainda assim, provocava arrepios em muitos da região.Entraram no carro para poder ir a festa dos “Duprê” , uma das famílias mais bem dotadas e populares da região, porem com certeza os mais humildes.
- Neal e Susan disseram que estariam lá as vinte e uma horas, já são vinte e quarenta e cinco, temos que nos apressar se quisermos entrar juntos. Oh ela também disse que iriam trazer “O Pequeno Tom” Mary, assim não vai se sentir só na festa – Emilly disse.
Susan era a irmã mais velha de Emilly, se casou com Neal quando tinha apenas quinze anos, eles tem dois filhos, o pequeno Tom e Alice.
Eles chegaram a tempo , as vinte e uma hora estavam na porta da casa dos “Duprê” foi a senhora Rose quem os recebeu, de começo a festa estava ótima,
a musica era sutil, as pessoas bem vestidas, as danças não eram vulgares e estava todo mundo se divertindo.Mais isso não pareceu durar muito a festa chique, com pessoas importantes se desfez logo após o jantar, o ambiente ficou pesado e enquanto a musica aumentava, Ed Bali e Harry Osborne começaram a discutir.
- Você cantou a minha mulher, eu vi – Disse Harry
- Eu não cortejaria uma mulher casada Ed, veja os modos e controle se homem! – E não bastou mais nenhuma palavra de Ed pra que a briga começasse, todos pararam imediatamente para ver os dois, aterrorizada com aquilo e tentando proteger a filha Emilly a colocou no colo, quando derrepente uma mão atinge a menina, Harry para a briga para poder se desculpar com a menina, e então foi a primeira vez que aconteceu.
Harry olhou em seus olhos verdes e ficou parado, tudo o que Mary Anne queria era que aquela confusão acabasse, ela ainda era uma criança e estava assustada, e como qual quer outra pessoa ela imaginou e desejou que tudo ficasse calmo, ela se lembrou na hora em que chegou na festa, e imaginou que ainda poderia estar assim, quando Mary abriu os olhos, todos estavam calmos e conversando tranquilamente,a musica voltara a ser baixa e as pessoas não estavam mais com aspecto de bêbadas, ela realmente achou estranho, parecia que fora ela quem havia feito aquilo, ela imaginou e aconteceu pensou, mais talvez fosse bobagem, e ela decidiu não pensar mais naquilo.
Foi um pensamento inútil na volta pra casa ela se sentia estranha, como se alguma coisa estivesse mudado dentro dela, ou talvez ate mudando, como em uma fase de crescimento, sua cabeça doía.
- Mãe, minha cabeça dói – ela disse, então Emy se virou para trás e testou a temperatura da menina com as mãos, indicava que estava tudo bem e disse:
- Tudo bem Filha, já vamos chegar em casa e assim você poderá descansar e dormir um pouco.


Continua (:
As Crônicas de Mary Anne


“Essa é a historia de Mary Anne, uma menina simples, mais com grandes poderes em mãos.”

19 de Agosto de 1920,Oxfordshire, Inglaterra

Com um breve suspiro, ecoa no quarto um choro mínimo, quase um suspiro, calmo e sereno, seguido por um avalanche de olhos esmeralda, tão grandes e tão belos, que um sorriso largo de formou no rosto dele.
- É uma menina! – gritou, e todos no quarto vibraram com emoção.
Uma mulher alta e loira, esbelta de sua própria forma, pegou a criança e a entregou no leito de sua mãe, que ainda estava deitada, chorando, em um mar de sangue.
- Parabéns Emilly, aqui está a sua filha – disse Susan entregando a criança para a mãe, e nesse exato momento, o tempo pareceu parar, por um breve instante dois par de olhos verde-esmeralda se encararam, com tamanha perfeição, que se podia ouvir sinos como trilha sonora, era a primeira conexão entre as duas, era o primeiro amor.
Então em um susto a porta do quarto se abre, e em meio de dois passos , um rapaz anda até a cama, beija sua esposa e também a sua primogênita.
Um calor bom abrange a sala, uma sensação de está cercado por chamas suaves, como ao redor de uma fogueira.
Emilly olhou para sua filha, e como se estivesse surpreendentemente orgulhosa disse – Mary Anne Smith – foram as suas palavras, e todos na sala entenderam o seu recado.